Dilma Rousseff: De militante da resistência à primeira mulher presidente do Brasil

Dilma Vana Rousseff marcou a história brasileira ao se tornar a primeira mulher a ocupar a presidência da República. Sua trajetória é profundamente ligada à luta política, resistência à ditadura militar e às grandes transformações do país no século XXI. De militante perseguida à líder da nação, sua história reflete as tensões e mudanças do Brasil contemporâneo.

Juventude e militância política

Dilma nasceu em 14 de dezembro de 1947, em Belo Horizonte (MG), filha de um imigrante búlgaro e de uma professora brasileira. Durante a juventude, nos anos 1960, ela se envolveu na luta contra a ditadura militar que tomou o poder em 1964.

Participou de organizações de resistência armada, como o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a VAR-Palmares. Em 1970, foi presa pelo regime militar e passou cerca de três anos encarcerada, sendo vítima de torturas.

Após sua saída da prisão, Dilma retomou seus estudos, formou-se em Economia e continuou militando, agora focada em partidos políticos legais, como o PDT de Leonel Brizola.

Ascensão no governo

Nos anos 1980 e 1990, Dilma atuou em cargos públicos ligados ao setor energético no Rio Grande do Sul, sob administrações do PDT e depois do PT. Seu perfil técnico e sua capacidade de gestão chamaram a atenção nacional.

Em 2003, no início do governo Lula, Dilma foi nomeada ministra de Minas e Energia. Sua gestão foi marcada por forte incentivo à expansão da matriz energética brasileira, especialmente no setor de hidroeletricidade.

Em 2005, após a crise do “Mensalão”, Dilma foi nomeada ministra-chefe da Casa Civil, assumindo um dos cargos mais importantes do governo. Tornou-se braço-direito de Lula e ganhou projeção nacional como gestora eficiente.

Primeira mulher presidente do Brasil

Em 2010, Lula escolheu Dilma como sua candidata à sucessão presidencial. Apesar de nunca ter concorrido a um cargo eletivo antes, Dilma venceu as eleições, derrotando José Serra (PSDB) no segundo turno. Tornou-se, assim, a primeira mulher a presidir o Brasil.

Seu primeiro mandato (2011–2014) foi marcado pela continuidade das políticas sociais de Lula, avanços na redução da pobreza, mas também por grandes manifestações populares em 2013, que criticavam problemas nos serviços públicos, corrupção e a realização da Copa do Mundo de 2014.

Reeleita em 2014, Dilma enfrentou um segundo mandato turbulento. A crise econômica, o aumento do desemprego, a queda da arrecadação e o descontentamento político alimentaram um movimento de oposição que culminaria em seu impeachment.

Impeachment e afastamento

Em 2016, Dilma sofreu um processo de impeachment sob a acusação de ter cometido “pedaladas fiscais” — manobras contábeis para maquiar o déficit do governo. O processo foi extremamente controverso, com acusações de que se tratava de um “golpe” institucional.

Em agosto de 2016, o Senado aprovou o impeachment de Dilma Rousseff. Ela foi afastada definitivamente do cargo, sendo substituída por seu vice-presidente, Michel Temer.

Dilma sempre negou ter cometido crimes e afirmou ser vítima de uma manobra política para interromper seu mandato.

Dilma Rousseff hoje

Após o impeachment, Dilma permaneceu ativa na política, filiando-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) e atuando em defesa da democracia e contra retrocessos institucionais. Em 2022, foi eleita presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o chamado “banco dos BRICS”, marcando seu retorno a um papel de destaque no cenário internacional.

Dilma Rousseff é hoje uma das figuras mais importantes da história política brasileira: símbolo de resistência para uns, alvo de duras críticas para outros. Sua trajetória é inseparável da narrativa das lutas e crises do Brasil das últimas décadas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima