Michel Miguel Elias Temer Lulia, conhecido simplesmente como Michel Temer, teve uma carreira política longa e estratégica, marcada por sua habilidade nos bastidores e pela condução do Brasil em um dos momentos mais turbulentos de sua história recente. De jurista respeitado a presidente da República, Temer construiu uma trajetória que mistura articulação política e desafios institucionais.
Origem e formação acadêmica
Michel Temer nasceu em 23 de setembro de 1940, em Tietê, interior de São Paulo, filho de imigrantes libaneses. Formou-se em Direito pela tradicional Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo de São Francisco, e mais tarde se tornou doutor em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Além da advocacia, Temer construiu uma carreira acadêmica sólida, atuando como professor universitário e autor de diversos livros sobre Direito Constitucional.
A carreira política: do Ministério Público ao Congresso Nacional
Temer começou sua trajetória pública como procurador do Estado de São Paulo. Em 1983, assumiu o cargo de secretário da Segurança Pública de São Paulo, o que lhe deu projeção política.
Seu ingresso no Congresso Nacional ocorreu em 1986, quando foi eleito deputado federal constituinte. Temer participou ativamente da elaboração da Constituição de 1988 e, ao longo dos anos, consolidou sua influência no Parlamento. Foi presidente da Câmara dos Deputados por três mandatos e tornou-se uma figura-chave na política de coalizão brasileira.
Em 2001, assumiu a presidência nacional do PMDB (atual MDB), partido historicamente conhecido por sua força nos bastidores do poder.
Vice-presidência e ascensão ao Planalto
Em 2010, Temer foi escolhido como candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff (PT), representando a aliança entre o PT e o PMDB. Com a vitória, assumiu a vice-presidência da República, cargo que ocuparia de 2011 a 2016.
O segundo mandato de Dilma Rousseff foi marcado por uma grave crise política e econômica, além de denúncias de irregularidades fiscais. Em 2016, após um processo de impeachment que dividiu o país, Dilma foi afastada e Temer assumiu a presidência.

O governo Michel Temer
Temer governou o Brasil de 2016 a 2018 em meio a uma forte polarização política. Seu mandato foi marcado por medidas de ajuste fiscal e reformas econômicas consideradas impopulares, como a reforma trabalhista e a tentativa de aprovação da reforma da Previdência.
Apesar das dificuldades políticas, Temer conseguiu aprovar a PEC do Teto de Gastos, que limitou o crescimento das despesas públicas, e implementou reformas que tiveram impacto na modernização do ambiente de negócios no país.
Seu governo também foi abalado por denúncias de corrupção, incluindo a famosa gravação de uma conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS. Apesar das denúncias, a Câmara dos Deputados rejeitou abrir processos contra ele, permitindo que Temer concluísse seu mandato.
Michel Temer hoje
Após deixar a presidência, Temer retornou à advocacia e à atuação acadêmica, mantendo uma postura discreta no cenário político, mas ainda sendo consultado em momentos de crise institucional.
Figura que desperta admiração pela habilidade política e críticas pela condução de seu governo e pelas acusações que enfrentou, Michel Temer é parte incontornável da história recente do Brasil — um personagem moldado pela complexidade e pelas contradições do poder.